Silêncio na sala, sinal de ausência. Silêncio na sala, sinal de conforto. Meio dia. Sol transitável lá fora, enquanto a luz fria intercepta o pensamento... Nigaut 8:19 AM
Monday, April 15, 2002
Início de semana um pouco apreensiva. Visita ao médico, grandes recomendações, dentre outras; voltar a caminhar. Até que será bom. Grande exercício é este, caminhar, caminhar, caminhar. Todo o seu organismo mexe e o exercício faz bem também à alma. Enquanto a paisagem desfila em seus olhos, sua emoção está sendo trabalhada no silêncio de cada passo. Mover o corpo é ganhar pensamentos novos , é superar obstáculos , é enfim ganhar disposição para o momento seguinte. Nada acontece por acaso. A segunda-feira nasceu com aprendizagem... Nigaut 12:34 PM
Tuesday, April 09, 2002
Coisa boa é acordar feliz, com o sono em ordem e paz no coração.
Coisa boa é acreditar que o dia de hoje será melhor do que ontem.
Coisa boa é trabalhar a Fé e crescer em direção a si mesmo. Nigaut 10:48 AM
Wednesday, April 03, 2002
O menino, o velho e o santo
Acordou cedo diante de um sol diferente do que havia visto um dia. Calçou os tênis velhos, o short desbotado de indefenida cor e pôs-se a gritar: FELIZ NATAL! FELIZ NATAL!
Pra quê? Pra quem aquele recado? Do canto do olho esquerdo, perdida esta ela, uma lágrima gordinha e fria. Mas era Natal no semblante das pessoas, nos embrulhos coloridos, na afobação do trânsito que não perdoa a espera de niguém. Pôs-se a ouvir uma sinfonia que não tocava por ali. Era a ressonância dos gritos perdidos que se acumulavam na passagem absoluta de cada um dos espectadores. Era necessária a confirmação do que se estava à procura- parar nesta época do ano para reabastecer suas forças, rasgar o inútil, devolver sorrisos negados, recolher outros já inutilizados, postar-se diante do desvio do olhar, compreender o processo do perdão, descobrir que a face oculta do homem é um tratado rico em experiências cotidianas. Vulgares são os momentos que não recuperam o que queremos saber. O tempo porisso acaba fugindo da sinopse que deveria estruturar o maior de todos os ensinamentos: o amor entre os homens.
O menino já se fazia gente grande. Já havia chorado algumas vezes , olhado para trás como quem não queria recordar o primeiro susto. E o tempo é o prazo a perder de vista, é o pagamento sem juros pela cumplicidade de muitas coisas deixadas de fazer por medos, por negações aos obstáculos. E era assim que ele pensava...
Como um espelho de muitas faces, andava recolhendo , de cada um que encontrava no caminho, os fragamentos mais diferente possíveis porque nele já havia ultrapassado o desejo de ver nas pessoas, a igualdade de gestos e de posturas ( havia aprendido a respeitar a individualidade entre elas).
O homem percebia que o seu Natal estava sendo degustado não pelo consumismo das lojas porque evidente era a compreensão dos processo de sua passividade. Não buscava mais redimir os enigmas, tinha a nítida impressão de que sem eles, o encanto pela vida passaria por longe.
Já conseguia andar leve, consciente das coisas pesadas que carregava. Leves estavam os seus passos, num corpo que já não mais sentia cansaço.
Portas semicerradas não o espantavam mais. Aprendeu a respeitar o medo das pessoas por uma liberdade que não condicionaria o tranqüilo bem -estar da humanidade. Nos Natais anteriores, Papai Noel andava nos telhados como se pissasse em tapetes de estrelas. O presente deixado é o que mais se queria. Era possível sentir o passo honesto de sua intenção. Confessada a espera pelo milagre da vida , alguém era capaz de fazer o outro feliz.
Sentia na sua pele, no seu rosto, um certo sinal de envelhecimento. O tempo não retrocede. "Aquilo que foi- é o nome da pedra que não pode mais rolar."
É preciso que se compreenda que num estágio mais elevado é que está a reconciliação e a filosofia do próximo tempo. O Natal de hoje passa por uma metamorfose, assim como certas coisas e pessoas, para que no fim, chegue-se à conclusão de que a festa é muito mais interior do que, propriamente, na maneira sempre igual de ver a vida.
Há um velho adormecido que passa a sua sabedoria pelas telas dos computadores, detonando nos fios de barbas brancas e no peso das botas, a mais simples das lições: Cristo ao nascer quis dizer ao homem que só assim estaria contemplando o seu Mestre e que o seu Natal não passaria de um momento diferente de orações. É essencial que o homem esteja pronto para si mesmo e, como um arco disparando a seta, aponte seu olhar para a verdadeira estrela de cada Céu.
Queria um coração criança para preservar sua inocência.
Queria olhar o mundo com mais frieza e exatidão dos fatos.
Lavaria a alma com a doce impressão de que todos poderiam ser iguais a você.
Sofreria quando no canto desencantado da vida não encontrava resposta mais prazeirosa do que viver em reticências.
Trocaria, o coração penalizado pelo argumento de ver tudo com mais razão.
Seu retrato era certamente em branco e preto. Nigaut 10:23 AM
Tuesday, April 02, 2002
você já reparou como é o Céu de abril? Nigaut 9:54 AM
Monday, April 01, 2002
Momento de amor à Cidade
Levanta, meu povo,venha ver a cidade acordar para mais um dia de rotina.
Levanta,meu povo, venha ver a cidade acordar registrando o passo do engraxate a caminha da praça, o outro com a flanela na mão, o outro com o sorriso negado pelo estômago vazio, o outro parecido comigo que até entendo o que vai no seu coração.
Levanta, meu povo, venha ver a moça bonita subindo a ponte para mais um dia de trabalho. Venha ver a enfermeira com o semblante adormecido mas, com a alma lavada pelo plantão terminado. Os homens--alguns sorrindo, outros soluçando...
Levanta, meu povo, venha ver a cidade acordar para mais um dia de rotina.
Esta cidade dos meus sonhos defende as paisagens mais humanas que conheço. Os céus por aqui têm nuvens aformoseadas nas quatro estações do ano. Os escassos morros feitos de algodão delineiam flocos de nuvens desiguais e sobrepostas às intenções dos artistas.
Levanta, meu povo ,venha ver a cidade acordar com suas praças tomadas pelos poetas , loucos e enamorados. Os territórios íntimos descrevem as poesias da alma. Poesias quase sempre verdadeiras...
Levanta, meu povo,venha ver a planície rasgada pelo vento nordeste que alvoroça os cabelos dos passantes e intriga o rosto da morena.
Levanta, meu povo, venha ver a cidade fracionada pelo velho Paraíba de barbas brancas, escondendo o mistério dos "mestres" pescadores. Por suas marolas, seguem as estrelas soltas do meu sonho de criança.
Levanta, meu povo,venha ver a cidade acordar para mais um dia de rotina... Nigaut 9:29 AM